POEMAS
Panorama
do Mundo Contemporâneo
Olhe
pro mundo,
Veja
o que mais existe nele.
Gente
imoral,
Gente
que mata,
Gente
que morre.
Filhos
desobedientes,
Juventude
depravada.
Desunião
de lares,
Guerras,
crimes,
Prostituição,
Ódio
por toda parte.
É
possível a paz mundial?
Se
todos dizem que creem em Deus,
Em
Deus acreditassem mesmo o mundo
Seria
como é?
Não,
não seria assim.
Talvez
não fosse melhor do que é,
Porém
pior do que é não seria,
E isso é o nosso osso duro de cada dia.
Carta a Gibran Khalil Gibran
Gibran Khalil Gibran,
Sábio
mestre do oriente;
Que
na sua sabedoria abrangeu todo
Ocidente.
Ser
reformado,
Ser
transtornado e justo,
De
visão imensa e de plena consciência.
Gibran
Kahlil Gibran
Vós
com vossa sabedoria,
Vós
com sua justiça ligada a
Sua
amotinação lembra-me
O
rabi dos rabis
O
filho da terra
O
filho de Deus
Gibran
Kahlil Gibran
Vossas
palavras saciam minha sede de justiça,
De
conhecimento,
De
sabedoria;
Vós
guiais,
Guia-me
como o pastor que guia suas ovelhas a pastos férteis e tenros.
Gibran
Kahlil Gibran
És
juntamente com o Cristo
O
meu guia,
O
meu mestre,
Amigo
e conselheiro;
Lendo
suas palavras, ouço sua voz,
Sinto
seu espírito ao meu lado.
Você
tem certeza de que sabe amar?
Tão
raro quanto amar e certamente bem mais difícil,
É
saber amar.
Todas
as penas do amor se instalam em funções
Desse
quaternário:
Um
deve amar
O
outro e vê corresponder
O
primeiro deve saber amar
O
parceiro também
Só
quando essa relação se estabelece há felicidade no amor
Só
quando os quatro pontos se integram a alegria de uma relação é possível.
Há
os que:
Amam
loucamente, mas não sabem amar.
Amam
pouco, mas sabem amar.
Não
amam, mas sabem amar.
Amam
e sabem amar.
E
por aí começa a confusão da seleção amorosa.
Quando duas pessoas se aproximam e
percebem que se amam, é aí que tudo começa.
O raro é ambas saberem amar, quando a
maturidade não interfere na intensidade.
Amar
quase sempre atrapalha a sabedoria do amor.
Porque o estado de amar é um estado de
necessidade atendida, de carência compensada, de doação exercida, de entrega
salvadora.
E
isso é intenso de mais para coexistir com a sabedoria do amor.
Quanta
gente prefere viver com alguém que sabe amar, mesmo que não a ame.
Quanto
amor brota duma relação onde ambos sabem amar!
Quem ama é mais inocente do que quem sabe amar.
Jovem
moderno
Jovem
inseguro,
Jovem
fraco,
Que
com toda rebeldia,
Com
toda sua valentia,
Facilmente
cai,
Cai
na terra,
Como
uma folha de árvore,
Com
toda a sua valentia e rebeldia.
Jovem
machucado,
Traumatizado,
revoltado,
Jovem
corrompido.
Jovem
que é usado,
Jovem
viciado.
Para
falar, para viver,
Jovem
oprimido e rechaçado,
Sofrido.
Adulto
que quer que o jovem obedeça
O
jovem acha que deve fazer
Ó
meu Deus
O
que esse jovem deve fazer pra essa
Vida
feliz tentar viver.
A
vida é um momento no espaço,
No
qual temos plena consciência.
Vivemos
no tempo e este
Vive
em todos nós.
Sonhamos,
sorrimos, lacrimejamos.
O
sonho é o desejo de nosso Eu Maior
De
elevar-se e de transformar em realidade
Tudo
aquilo que em sonho
Tanto
deleite nos proporcionou.
Cada
sorriso é a satisfação demonstrada,
Declarada
por termos traduzido para a
Realidade
tudo o que em sonho foi sonhado.
Cada
lágrima representa o sonho frustrado,
O
sonho que não foi realizado.
Se
pudéssemos esquecer o tempo
E
não sonhar em construir o futuro
Despreocupados
viveríamos o presente.
Sonhos,
utopia, fantasias
Vida
que em sonho tu sonhaste
Que
fosse de extrema alegria se
Transformara
em triste agonia?
O
prazer que possuis é passageiro
Prepara-te
para a tempestade que estás por vir;
Saboreie
os momentos de paz
Que
tu sejas, ó jovem, abençoado
Pela
onipotente divindade
Pela
magnânima força cósmica que a tudo rege
Que
chamamos de Deus.
Amor (I)
Todos
falam sobre o amor
Poucos
conseguem senti-lo
Tal como
a morte e os ideais
O amor
incita o ser humano à eloquência
Tal belo
quanto amar alguém
É amar a
si próprio.
Amor (II)
Um
pássaro pode voar alto
Meu
coração voa mais alto
Meus
sonhos alcançam o infinito
O amor é meu sustento.
A Prisão
A maior e
mais triste das prisões não tem muros
A maioria
das pessoas não sabe que vive nela
Nascem e
morrem sem se libertarem
Suas
vidas são tristes e sofridas
Suas
vidas não têm sentido
Passei
anos procurando a chave da minha cela
Muitos
detentos me disseram qual era a chave
Ainda bem
que eu não acreditei
Riqueza
não é a chave
Droga não
é a chave
Bebida
não é a chave
Luxúria
não é a chave
Não
encontrava a chave
Porque não
sabia qual era a prisão
A prisão
é o mundo e a chave está dentro de mim
Minha
vida na é mais triste e sofrida
Minha
vida já tem sentido
E Deus me
mostrou as grades da minha prisão
Seu poder
me fez despertar e aceitar Seu amor
Ele me
mostrou a chave da minha libertação
A chave é
Jesus, meu Salvador
A chave é
confiar no Seu amor
A chave é
minha entrega ao Senhor
A chave é adorar meu Criador.
CONTOS
Descoberta
Primeiro, a dor. Uma dor imensa, vinda não sei de onde, tudo ao meu redor se contorce, sendo eu expulso do lugar onde eu estava tão feliz. Começa uma jornada.
A escuridão é completa. À medida que
desço, ela me envolve mais e mais. Não escuto nada.
O que está havendo?
Estou ficando desesperado. Não
mereço o que está acontecendo. Antes, havia a satisfação, meus dias eram
iguais... Havia fartura, a ausência da necessidade de qualquer coisa. Eu era
feliz porque era amado.
Eu choro sem emitir som. O túnel
avança e parece não ter fim. Debato-me inutilmente.
Uma parada brusca. Sufocado, tento
abrir os olhos, mesmo sabendo que não há nada para enxergar. Não me recordo de
uma época anterior a da felicidade. De algum outro lugar onde eu tenha estado.
Tento me adaptar as novas sensações que me afligem neste instante. Após uma
agonia cuja duração eu não sei precisar, eu vejo uma luz. Essa luz parece ser a
esperança, o fim da dor. Procuro ir até ela, sendo que as contrações das
paredes ao meu redor me ajudam a prosseguir. O medo do que me espera após a luz
é completamente ignorado. Tudo o que me interessa é sair daqui. Há medo sim, de
eu morrer enquanto estou aqui, lutando pela vida. Mas eu sou um milagre de
Deus. Sobreviver é meu direito. Minha vitória.
Quando eu finalmente saio, a luz
fere meus olhos. Agora eu os mantenho fechados por causa dela e choro muito.
Nunca imaginei que isso era o desamparo, a solidão. Os sons me incomodam. Sou
agredido por mãos ásperas que me erguem. Após tanta tortura, sou finalmente deixado
em paz depois de ser limpo pelas mãos ásperas.
Esse mundo novo e estranho está
começando a ficar confortável. A esperança de que seja um mundo melhor do que o
local de que fui expulso me acalenta.
Rio de Janeiro, 3 de abril de 1973. Nasci há aproximadamente trinta minutos.
A Soberana das Fadas
Ela tinha 25 anos recém-completos.
Chovia na cidade e a solidão que somente uma filha única pode sentir apertava
seu coração. Era uma solidão ainda mais amarga, pois trazia lembranças de
culpas passadas.
Seu nome é Jose dos Santos Oliveira.
Quando tinha 17 anos, não prestou o Vestibular porque não sabia que carreira
escolher. Quando finalmente se decidiu, descobriu que não estava em condições
de competir com os jovens de classe média. As horas extras que eram forçadas a
fazer pelo chefe tornavam seu tempo para estudar mais curto. O sonho do curso
superior foi se tornando mais difícil.
Ela aprendeu que na vida real não
bastava ser boa profissional. Tinha que fingir ser outra pessoa, para não
desagradar as pessoas a sua volta e que precisava agradar ao chefe. Ela,
masoquistamente, continua remoer o passado: os homens que abusaram dela, os
amores que terminaram em decepção.
O Natal está chegando. Ao invés de
mandar e-mails ou cartões de papel, prefere procurar as amizades do passado
pelo telefone, mendigando um pouco de carinho. Um pouco de alegria lhe vem
disso.
Um dia, ela aprendeu algo que faz qualquer sofrimento valer a pena. Humilhe-se somente perante Deus, não aos homens.
A Flor de Shelley
Eu não sei por que o poeta Percy
Byshe Shelley não gostava de mim. Nunca fui grande como ele. Sua mulher Mary
escreveu uma história muito famosa, sobre um homem que tentou ser Deus e foi
castigado por isso, além de falar de solidão: Frankenstein.
Ele me jogava suas frases de efeito
e aforismos bem na cara, para me irritar. Ele era um ultrarromântico: falava de
amantes que morriam sem consumar o amor, de decepção, de tédio, de descrença.
Certa vez ele me falou acerca da
inutilidade da vida, da falta de sentido presente em tudo: “A flor que hoje
sorri amanhã morre".
Pensei em minha amada Beatrice, na
dor que seria perdê-la. Nada respondi, mas Shelley conseguiu o que queria. Ele
deve ter percebido que me aborreceu, pois repetia a frase sempre que podia.
Acho que ele tinha ciúmes de Mary e eu, embora não fôssemos íntimos. Ela era
quieta e falava pouco, mas seus olhos e sorriso denunciavam sua esperteza e
percepção apurada das coisas.
Quando soube que pedi Beatrice em
casamento, Shelley veio novamente me perseguir com sua frase de efeito. Seus
olhos e sua malícia finalmente me fizeram perder o controle. Gritei para ele,
surpreendendo a mim mesmo:
─ É o
principal motivo para que eu ame a flor; se ela não é eterna, se sua beleza e
alegria não são eternas, preciso cheirá-la, tocá-la, senti-la e amá-la hoje,
antes que desapareça!
Todos na taverna me olharam.
Lentamente, voltaram as suas conversas. Shelley ficou tão surpreso com a minha
reação e com as minhas palavras que foi embora e nunca mais me provocou.
Anos mais tarde, ele publicou a frase que eu tanto odiava num livro, imortalizando-a para as futuras gerações de levianos e deprimidos que surgirão após nossa partida deste mundo. Eu e minha obra fomos esquecidos. A minha resposta ninguém copiou, ninguém se lembrou e ninguém publicou.
Minha Filha
Um aviso a você
antes de continuar a ler isso: estou idoso e morrendo.
Se me perguntarem
qual é a coisa (ou lembrança ou lugar) capaz de me fazerem mover montanhas,
enfrentar exércitos, enfrentar a mim mesmo (o que é muito mais difícil que enfrentar
um exército), eu diria que é pensar em minha filha.
Pensamos na mulher
amada quando somos jovens.
Agora que o calor
da paixão se atenuou, que as fantasias juvenis sobre a mulher ideal parecem
ridículas, que minha amada esposa se ressente da velhice que avança e me pede o
que eu (e nenhum outro ser humano) sou capaz de dar, eu volto minhas fantasias
para meu rebento, minha Estrelinha, meu Raio de Sol.
Minha Diana.
A lembrança mais
doce que eu guardo da infância dela foi a primeira vez que jogamos bola na
praia.
Seu riso ainda soa
em meus ouvidos após tantos anos. Me realizei quando ouvi pela primeira vez:
“Papai”.
Naquele dia, essa
palavra possuía um timbre mais melodioso.
Quando ela cresceu
um pouco, tentei fazê-la amar aos livros tanto quanto eu amo.
Ela preferiu os
esportes e tentou fazer um book para entregar numa agência de modelos.
Não escondi meu desa-pontamento, por isso ele foi embora rápido.
O que eu perdoei foi ela fazer
drama quando a proibi de morar com um irresponsável chamado Renato. Ela era
menor de idade, então fiquei firme por uma semana. Greve de fome, depressão,
todas as chantagens possíveis Diana tentou.
Fiquei firme por um mês. A mãe dela
cedeu primeiro e ameaçou pedir o divórcio. Aí, escolhi ceder.
Um mês depois de se mudar, Diana
voltou para casa arrependida e sem estar grávida. Parecia que tínhamos ganhado
na loteria! Que festa!
Após a faculdade de Direito, ela
passou num concurso público e foi empossada num bom cargo. Eu e minha mulher
ficamos tranquilos.
Quando eu fiz 56 anos ela queria
que eu parasse de dirigir, mas ela voltou atrás porque sabe o quanto eu gosto.
Os momentos que passamos mexendo no meu carro ou no dela eu não troco. Ela se
suja toda e ri feito aquela menininha na praia. Nunca lhe ensinei mecânica, ela
parece que nasceu sabendo.
Como eu amo minha menininha.
Ela me ajudou a salvar meu
casamento tempos depois. Para comemorar, fomos viajar. Foi aí que Diana me
ensinou a pescar.
Hoje estou numa cama de hospital,
sem me lembrar de quem sou a maior parte do dia. Estou com 76 anos e Diana com
44. A mãe dela chora tanto que acho que vai nos afogar.
Engraçado, nunca me esqueço da
Diana, que sempre faz piadas para me animar. Maldito Mal de Alzheimer.
Quando estou prestes a fechar os
olhos pela última vez, não vejo uma lágrima sequer no rosto dela.
Eu sei que está guardando para
depois que eu partir. Ela quer me alegrar até o último segundo.
Que vida boa eu tive.
Que morte doce: assistido por quem
me ama.
Sobre mim:
https://linktr.ee/SidneyFerreira
Natural
do Rio de Janeiro, nascido em 1973.
Principais influências: Kahlil Gibran, Alan Moore,
Neil Gaiman, Warren Ellis, Frank Miller, John Byrne, Chris Claremont, Grant
Morrison, Herman Hesse, Stephen King.
Professor
de História formado pela UNIRIO.
Livros
publicados:
As
Crônicas de Ravok (2013)
Beholder
(2013)
As
Deusas do Sexo e da Guerra (2015)
As
Aventuras de Yakir (2019)
Yakir
e os Apóstolos de Cristo (2021)
As
Crônicas de Baphomet (2021)
Yakir
e a História do Brasil (2021)
Bussundas,
Bestializados e Fascistas (2023)
Publicados
na editora virtual : www.clubedeautores.com.br
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