sexta-feira, 1 de abril de 2016

Holocausto brasileiro: Cemitério de Escravos no bairro da Gamboa

Ser o último país a abolir a Escravidão é só uma das manchas na nossa História. 
No Brasil, houveram diversos holocaustos: nos manicômios, nas comunidades carentes, no vilarejo de Canudos, durante a Ditadura Civil-Militar e durante o funcionamento do Cemitério de Pretos Novos.
Dos estimados 10 milhões de negros vendidos como escravos para os europeus por seus conterrâneos (ou seja, os brancos apenas compravam o que estava à venda), cerca de 06 milhões vieram para o Brasil, para trabalharem na lavoura açucareira, na mineração e nas lavouras de café. 60% destes vieram para a Região Sudeste. A maioria era do grupo cultural conhecido como Banto. Era um comércio legalizado, só deixando de sê-lo em 1830, o que caracterizou vinte anos de tráfico de escravos, até 1850.
Os negros que vinham nos navios morriam em função das péssimas condições de higiene, dos maus-tratos, da varíola, do escorbuto.
Os que chegavam no Rio de Janeiro, eram selecionados na Ilha de Villegagnon e vendidos na praça XV (no "Mercado de Carne". Isso mesmo, eles não eram considerados humanos.) Os que não tinham sido vendidos eram chamados Pretos Novos ou Bossais. Quando vendidos e doutrinados na base da violência, eram chamados de ladinos. Os que nasciam no Brasil eram denominados crioulos.
Os que morriam antes de serem vendidos eram enterrados no atual Largo de Santa Rita, no Centro, em frente à Igreja de Santa Rita. Na época, os ricos eram enterrados dentro dos terrenos das igrejas, o que era considerado bom para a chegada da alma ao Paraíso. O Marquês do Lavradio, em 1769, transferiu o mercado para a Rua do Valongo (atual Camerino) e o cemitério para a atual Rua Pedro Ernesto, no bairro da Gamboa.
Os negros que morriam antes de serem vendidos eram jogados num terreno de cerca de 110 m2. Quando o terreno ficava cheio, queimavam os restos mortais para colocar novos cadáveres. A população jogava seu lixo junto aos corpos. Isso é uma amostra do que o Brasil se tornou. Eles morreram antes de serem inseridos na sociedade brasileira e eram tratados como lixo. Sem um sepultamento adequado, a maioria dos escravos acreditava que aqueles mortos não seriam reunidos aos ancestrais no pós-vida.
Com a proibição do comércio marítimo de escravos, o Cemitério dos Pretos Novos foi desativado. Só entre 1824 e 1830, foram registrados pela Igreja Católica mais de seis mil "sepultamentos".
Em 1996, após 166 anos de esquecimento, foram encontrados ossos na casa da Rua Pedro Ernesto, 36. Para não serem desapropriados pela Prefeitura após mostrarem o achado arqueológico, o casal dono da casa o transformou na ONG "Instituto de Pesquisa e Memória dos Pretos Novos", que vive de doações e do trabalho de voluntários.

Para cursos, visitas (De terça a sábado) e outras informações:

Tel.: 2516-7089
www.pretosnovos@com..br
www.facebook.com/ipn.museumemorial/